sábado, 17 de maio de 2008

Aninha pede paz.



Aninha não conseguiu dormir a noite inteira, milhões de pensamentos sobre como tudo estava a invadiam e a fazia raciocinar de forma rápida e descontrolada. Foi até a sala e pegou sua xícara de café requentado ficava olhando por dentro do líquido e vendo seu próprio reflexo que se desmanchava em meio aquela cor negra que se iluminava com a sua pele branca e pálida. Ficava se perguntando onde diabos tudo iria parar, já tinha ficado com náuseas só de pensar em seus pensamento. Saiu correndo até a cozinha e notou que seu pé de feijão que plantara semana passada finalmente estava crescendo aquilo foi de uma alegria enorme a ponto de abafar todos seus sentimentos tristes e sem futuro de como andava a sua vida, olhava ao redor e só via sujeira, panelas,pratos, pires e sua vida embolada naquele lixo todo que se tornara tudo. Abriu a porta e sentiu aquela brisa fria de um dia de inverno, seus cabelos lisos e finos se esvoaçaram para traz e ela sorriu ao sentir todo aquela ventania que invadiu não só a sua casa mas também a sua alma. Vestiu o casaco, calçou as botas e pegou seu cachecol andou até o quintal e sentiu algo caindo na sua pele, era um floco de neve e no mesmo ritmo vieram milhares daquele, aninha sorriu suave e sentiu que como aqueles flocos tudo viria a ficar branquinho de novo, o seu dia, a sua casa e principalmente a sua paz.


(Ana Paula Passos: em contos bem contados e picotados)

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